terça-feira, 27 de julho de 2010

Uma crônica sobre algo da vida real - O esconde-esconde da vida

   Alguém em quem por a culpa, era isso que ela buscou algum tempo, pois demorou a perceber que em algumas situações era impossível achar um culpado, simplesmente não havia. Nem a Deus ela poderia culpar, pois apesar da pouca idade, já tinha uma certa dúvida sobre a presença de um Deus da forma como “pintam” na Bíblia, tão poderoso, onipotente, e definidor de tudo, ela preferia acreditar em uma força que guiava as coisas, auxiliava, um Deus diferente eu diria, mas sinceramente, agora, nem isso ela estava conseguindo acreditar.
   Havia alguma coisa errada, ela sempre acreditou (até então) que algumas pessoas são para sempre como uma espécie de porto seguro e era assim que ele deveria ser para ela, ele: seu pai. Afinal, alguém que vive por nós deveria existir pra sempre não devia? Não que ele não mais existisse, mas sabe como é né? Ela já imaginara, por assim dizer o que viria.
   Talvez ela soubesse que essa ausência, ou semi-presença lhe traria incontáveis traumas pessoais, talvez se lembrasse desse momento quando se jogasse de cabeça em seus relacionamentos e percebesse o quanto era sempre dependente, por mais que tentasse parecer dominadora (provavelmente tentando ocupar uma figura paterna que lhe foi recusada por culpa de? De quem mesmo era a culpa disso tudo?). Não tenho certeza mas acho que se ela soubesse o que se passaria nos próximos anos, não seria tão aparentemente resistência, pois transbordaria, choraria, mostraria que não aguentaria, e  quem sabe, se alguém fosse o culpado disso estivesse onde estivesse a pessoa a visse chorando, triste e diria: - Ah coitadinha, vamos fazer as coisas voltar a ser o que eram... Mas não, ela não chorou tanto, guardou pra si, e as coisas não voltaram a ser como antes (E isso, sim, ela achou que era sua culpa, e pra ser sincera as vezes acha até hoje).
   Mas ela não achou culpados pra tanta coisa, buscou por um tempo, depois como quem cansa de encontrar o amigo imaginário na brincadeira do esconde-esconde, parou.
   Já adulta ela busca invés de culpados, respostas que provalmente não encontrara, mas sabe que se quiser (e puder), superar o que passou terá que ser o mais real possível, encarar os traumas e aceitá-los, mas isso não é fácil, não era fácil para uma menina e tenho certeza, continuará sendo difícil para uma mulher, que apesar de todas as experiências que viveu e de todas as dores que sentiu continuava a ser apenas aquela mesma pequena menina que desejaria que nesse “esconde-esconde” com a vida, dentre tumultos e turbulências, doenças e injustiças, peças que a vida prega,  bem, no meio disso tudo, ela não queria ter sido justo ela, a encontrada.

Mayara L.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Os espelhos














Se os espelhos refletissem a alma, 
Se olhando no espelho se visse o que não se vê
Eu que não me olharia no espelho por medo de mim...
Fico imaginando quantas pessoas eu gostaria de ver...
Se no fundo o que falta é a verdade
Se no fundo o que falta é se ver mais além...
Se é nesse mundo que se tem que viver..
Será que não seria preciso viver com um espelho também?
Refletir, o que dentro se tem
mas, refletir, todos sabem, nem sempre convém...


Mayara!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"O problema é que quero muitas coisas simples, então pareço exigente" Fernanda Young

Eu quero que o mundo inteiro viva em paz, e a paz que eu digo querer, é a paz de dentro, não de fora. Não quero faixas, passeatas, pombas brancas voando, ou pombos correio levando mensagens de amor. 
Eu quero que o mundo viva a paz de espírito, de olhar o outro como outro, de estar com o outro quando ele precisar, de ver os animais sendo bem tratados.
Não quero uma paz que suma com as drogas, com as bebidas, com todas as outras coisas ilícitas que existem no mundo, mas quero que toda a violência e toda banalidade seja substituída por atitudes decentes, pensamentos de seres humanos, que sentem, que dão valor a vida do outro; dessa forma, droga nenhuma vira tiro, ou arma de fogo e bebida nenhuma leva a morte de outra pessoa, é tudo questão de consciência de si e do outro.
Eu quero respeito aos desejos, que as pessoas possam amar, desejar e querer sem que isso seja um pecado, um defeito. 
Eu quero que as religiões entendam o sexo como um prazer do qual não se deve ter vergonha mas sim orgulho, pelo que causa, pelo que pode causar de bom a quem faz, a quem demonstra querer bem a outro alguém.
Eu quero que a saudade que se tem das pessoas possa passar, que as pessoas possam se ver, sem impedimento, sem fronteiras, que sejam livres pra ir e vir.
Eu quero que todo mundo tenha dinheiro pra comprar o que precisa, pra gastar quando quiser sem que o dinheiro domine sua vida, suas atitudes e seu caráter.
Eu quero que destruam as prisões, que desapareçam os advogados, juízes, polícia, quero ver as pessoas se defenderem, falarem, serem elas mesmas o poder e o não poder.
Eu quero um governo do povo, não quero um presidente cuidando de tudo, eu quero um grupo de pessoas que pensem juntas e criem soluções; sem líder, juntos. 
Eu quero poder olhar dentro dos olhos dos outros e me impressionar, quero acreditar no mundo dos meus sonhos, pode parecer demais, podem achar que sou exigente, que nada! O futuro tem o peso do sonho da gente! Sempre!