quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Defeitos ou Qualidades

        Parei pra pensar em uma coisa que realmente é muito interessante, pelo menos pra mim, que sempre acreditou que defeitos, são alguns pontos vulneráveis da nossa personalidade  que devem ser trabalhados para buscar uma melhora pessoal que será, depois, ampliada para as nossas relações. 
            Na realidade a muito tempo conheço e entro em contato com a obra de Clarice Lispector, gosto e admiro muitas de suas frases pelo seu encanto e sua sensibilidade com o mundo, porém,  uma frase em particular me fazia sentir coisas que não entendia, eu compreendia o que ela queria dizer mas não me permitia entrar em contato com a realidade que ela pretendia passar, ou seja, eu não notava o quanto daquilo realmente era verdade pra mim e se fazia presente na minha vida e na das pessoas com as quais convivo.

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro." (C.L)

            Hoje essa frase me veio, assim, quando menos eu esperava que surgisse alguma coisa, e eu comecei a me questionar até que ponto realmente essa frase não se aplica na vida de forma concreta. Quantas vezes nós não nos deparamos com situações na nossa vida em que não sabemos o que fazer, mas sabemos que agiremos de certa forma, de certa maneira seguindo o que popularmente chamamos de "meu jeito" , mas talvez essa forma de encarar as coisas, esse "jeitão", seja ele "orgulhoso", "teimoso", "tímido", seja nosso ponto chave pra consegui enfrentar o mundo que nos cerca. Talvez uma espécie de máscara que nos protege do mundo e nos permite um porto-seguro diante das situações.
            Assistimos o mundo pela nossa lente e estamos vulneráveis ao que ela percebe e ao que ela simboliza e se agimos pelos nossos defeitos, será que não são esses próprios defeitos que fazem com que a gente continue de pé e firme? 
            O que quero dizer com isso, não é que os defeitos devem sempre ser mantidos, mas se eles sustentam nossa forma de agir e nós simplismente tentarmos dissolvê-los poderiamos fazer com que algo desmoronasse e perdesse o que dá sentido, o que equilibra.
            A minha ideia, vai muito além disso, acho extremamente importante poder entrar em contato com os próprios defeitos e descobrir o que faz com que se aja dessa ou daquela forma em determinada situação, e é esse o ponto exato da questão, o necessário não é abolir determinado defeito sem saber o porque ele existia, ou o porque ele permanecia ali, mas sim compreender um defeito seu para tentar ver até que ponto ele tem realmente sido um defeito, ou até que ponto ele tem sido negativo ou positivo nas suas relações e situações. Por exemplo, se eu me acho uma pessoa orgulhosa, e acho isso um defeito, preciso compreender em quais momentos esse orgulho se expresssa e o quanto ele me mantém de pé e me auxilia em algumas situações, o quanto ele as vezes, é necessário, ou seja é tudo uma questão de sentido para os "defeitos", uma espécie de contexto em que eles estão inseridos. 
            Sempre acreditei nesse auto conhecimento para a compreensão de si mesmo, por isso dedico-me a tentar e buscar compreender os seres humanos por meio da psicologia, mas não havia ainda me dado conta desse ponto de vista dos defeitos, que acredito ser um processo possível em terapia, ou seja um processo tanto de ajuda externa (onde perbecemos quais os defeitos) como interna (quando pensamos e absorvemos o significado deles), não descarto é claro a chance que temos de conseguir pensar a própria condição fora de terapia e do auxilio do analista, mas concordo que o processo é mais complicado e mais difícil dessa forma.
            Enfim, passei a pensar um pouco diferente sobre essa questão e passei a dar o devido valor a algumas características de personalidade, pois sobre elas estão ancoradas muitas vezes toda uma vida e toda uma significação de mundo que ultrapassa o que podemos observar simplismente julgando ou criticando determinada forma de agir.
            Talvez se passassemos a ver e compreender o “porque” de nossos defeitos e o “porque” dos defeitos dos outos nossa relação com as pessoas se tornasse mais fácil, porém isso é assunto pra outro post, em um outro momento, por enquanto me limito a expor o que já foi dito, sem muitas esperanças de ser lida ou compreendida, me bastando a possibilidade de poder dizer. 

terça-feira, 24 de agosto de 2010

“É preciso dar cor e forma às coisas porque desnudas elas apavoram.” (CAIO FERNANDO ABREU)



A dúvida não conforta. Eu quero viver tendo certezas, entendendo o mundo a minha volta, sabendo de tudo que possa saber. Não saber não me agrada, gosto de ter um roteiro pra que eu possa mudar depois colocar meu ponto, o meu "q", o meu "g", o meu ponto qualquer!!
Mas o que acontece é que não tenho certezas. Não tenho na vida (não temos) como saber tudo, como saber o que acontece depois da ponte quebrada, depois de cada ato, cada fato, cada sorriso e cada atitude. 
O outro é sim, OUTRO e nunca poderemos entender por completo o que ele é, o que ele sente. Eu confesso, por vezes eu queria, e quero, ter um controle das coisas, mesmo sabendo que isso tornaria as coisas  mais chatas e sem graça, ou simplesmente, as pessoas poderiam expressar e ser o que verdadeiramente são, para que eu não sinta mais essa vontade de descobrir, de querer conferir e provar o que não sei. A busca se torna cansativa, por tentar achar o que vem por trás das coisas e se torna vã, ao se perceber que na verdade, nem tudo que esta por trás das coisas, se saberá. 


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"Depois do primeiro passo, vem o segundo e o terceiro, e quando se dá conta 
e se olha pra trás a estrada já é tão longa que voltar atrás é quase como jogar a vida fora.
O problema é que os primeiros passos não são muitas vezes guiados por nós, eles se dão assim, 
tão sozinhos, e a consequência é deixarmos eles serem o que quiserem.
Não me arrependo dos meus primeiros passos, em nenhum dos seus âmbitos, mas me arrependo as vezes de não ter guiado meu passos como gostaria, porque agora muitas vezes eu vejo a  estrada e todas as suas pegadas e fico imaginando que tipo de animal passou por ali, e que outro tipo de trilha ele poderia ter seguido. 
Mas não há borracha, nem onda que apague as pegadas e se você quer refazer os seus passos, acho que o ideal é tentar curtir o estado de  viver novamente, tentar novamente, olhando pra trás, mas seguindo sempre em frente."